terça-feira, 20 de maio de 2014

Minha Indignação Pessoal: O que ganhamos com a copa do mundo?


Torço, torço sim para que minha crítica seja equivocada. Apesar de entender a importância do futebol (não falo dos esportes como um todo) e de ser um profissional de marketing, nunca fui um torcedor apaixonado. Tenho meu time preferido nacional e local e gosto de assistir aos jogos da seleção (nem que seja os últimos minutos do segundo tempo). É indiscutível que essa estória que Brasileiro é apaixonado por futebol torna-se lenda quando se viaja um pouco e se conhece nações que tem a paixão pelo futebol como uma verdadeira doença. É até compreensível que espanhóis, ingleses, italianos e outros das “zoropa” vivam essa paixão (quem não viu, vejam o comercial da Nissan no YouTube onde um torcer Francês só acorda de 4 em 4 anos pra assistir à copa. Ele desperta, faz a longa barba, desce as escadas e sua família perplexa com seu despertar toma um chega pra lá quando ele empurra a esposa e senta no sofá pra assistir a jogo da Inglaterra...) cômico, fantasioso, mas deprimente.


Ainda sobre os europeus, mesmo com a crise que eles atravessam (ah, se as crises no Brasil fossem como a deles!!) o estilo de vida é outro. Lá todos tem sua casinha confortável, tomam café, almoçam e jantam, tem lazer, sistema de transporte funcionando, hospitais e médicos públicos, segurança, estradas impecáveis e o melhor de tudo: um sistema educacional impecável e gratuito. Ou seja, mesmo com os problemas, dá sim pra torcer fervorosamente por seu time local ou seleção. Dá sim pra ir a um estádio gritar até arrebentar as cordas vocais (em vias perfeitamente sinalizadas ou por linhas de metrô bem projetadas, todos sentadinhos chegando britanicamente no horário programada. Sem preocupação com segurança e sabendo que se houver algum imprevisto, um helicóptero com belos enfermeiros e enfermeiras o levarão a um pronto-socorro mais próximo. Assim, até eu seria um torcedor fanático.

Não preciso aqui listar o antônimo da realidade exposta, quem lê este post, por mais ignorante que seja conhece a realidade do nosso lindo pais, e a realidade, não é esta da propaganda e sim a dos noticiários. Um sistema de saúde caótico, deprimente, nojento (sem exageros, a realidade dos nossos hospitais e postos de saúde é lamentável), gente sentada a dias pelo chão dos corredores como porcos, falta de equipamentos e suprimentos básicos, profissionais mal treinados, mal pagos e sobrecarregados, superlotação e fila de espera que chega a demorar anos. A segurança é um caos total, onde policiais mal treinados e mal armados tem medo da bandidagem (falo a nível nacional) morrem no Brasil por ano, mais pessoas vítimas de tiros que todos os turbulentos países asiáticos com seus homens bombas e guerras santas.  E ainda damos uma atenção enorme sobre o noticiário com a notícia de um ataque terrorista que matou 5 numa mesquita “x”. Os mesmos 5, são o café da manhã em apenas uma região de nossa cidade.
Pra finalizar, a educação: crianças morrendo em pau-de-arara, dentro da próprias escolas, professores alimentando seus tutelados com café e farinha, dando aula a luz de velas e segurando um balde pra aparar goteiras. Alunos sem direito a merenda escolar, livros básico, carteiras ou mesmo um simples chinelo. Lamentável a reportagem de uma professora na cidade de Codó-MA dando aula em baixo de uma árvore no sol escaldante daquela região. Poderia discorrer aqui uma lista infinita de problemas mas todos já sabemos disso, apenas colocamos uma venda nos olhos pra realidade dos menos favorecidos e vamos torcer...



Resolvi pesquisar quantas escolas, hospitais, linhas de metrô e casas populares dariam para construir com os 30 bilhões (números apresentados, que não duvido que cheguem a 50 ou 60 bi) gastos somente com a Copa do Mundo de 2014. Não foi difícil encontrar na internet dados para essa comparação, com um pouco de curiosidade e conhecimentos básicos de matemática qualquer um pode fazer essa comparação. Seguem os valores médios: escola de grande porte com 40 salas (R$ 6,5 milhões), hospital (R$ 23 milhões), cada quilômetro de linha de metrô custa R$ 300 milhões e uma casa popular (R$ 60 mil).

É revoltante saber que o dinheiro desperdiçado na construção de ruínas (estádios), nós poderíamos ter construído 40 mil escolas, 1200 hospitais, 10 linhas de metrô (cada uma com 12km de extensão) e 540.000 casas populares, ou seja, quase metade do déficit habitacional do país que é de um pouco mais de 1 milhão de lares.




Findado a copa, teremos lindos estádios (entregues quase a custo zero a iniciativa privada), meia dúzia de avenidas capeadas e uma turma de taxistas e recepcionistas sabendo dar bom dia em inglês. E ainda dois cenários possíveis: se perdemos (que Deus me perdoe mas torço por isso) um povo um pouco mais ciente dos fatos, mais desperto pra realidade e quem sabe, o gigante sonâmbulo volte a se mexer pois esse seria o pesadelo da política atual. Se ganharmos, um bando de alienados pelas ruas com uma camisa verde amarela (que 93% do brasileiros não sabem o que significa) comemorando até o natal a fantástica vitória do Felipão (até que gosto dele, um grande líder). Passará em branco uma eleição que definirá os rumos do país nos próximos 12 anos – se Dilma se reelege, Lulão terá a certeza de mais 8 anos seguidos, total de 24 anos de liderança de um partido político-  instalando-se uma verdadeira ditatura petista.

Povo Brasileiro, acorde!

Por Glauber Ayres Abreu

Continua...


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